Derrama (Fernandinho) - Louvor Bíblico

12 de maio de 2018

Derrama (Fernandinho)



Derrama a tua
Shekináh sobre nós 
Derrama a tua
Shekináh sobre nós 
Não conseguiremos ficar de pé 
Tamanha a sua Glória sobre nós.
Derrama o Teu
Espírito sobre nós 
Derrama o Teu
Espírito sobre nós  
Não conseguiremos ficar de pé 
Tamanho o seu poder sobre nós
Esta música foi gravada em 2003 pela Faz Chover Produções, gravadora própria do cantor e compositor desta letra, Fernandinho.
Embora pequena e simples, esta música fez grande sucesso nas igrejas de todo o Brasil, onde o corpo de Cristo pedia para que Deus derramasse sobre sua igreja da sua Shekináh. No entanto, esta letra foi e continua sendo alvo de duras críticas por causa da palavra Shekináh. Embora a maioria dos cristãos acreditem que o significado desta palavra seja algo como presença, Espírito ou Glória, existe quem diga que Shekináh significa o lado feminino de Deus, e outros ainda, que significa algo mais tenebroso, uma vez que esta palavra figura em obras da mística judaica.
Afinal de contas, o que significa esta tal Shekináh? Ela existe? Está na bíblia? De onde surgiu? Qual sua origem? Ao cantar esta música estamos mesmo invocando a presença de Deus ou, porventura, estamos invocando outros deuses, espíritos malignos ou algum tipo de maldição? 

É hora do LB montar este enorme quebra-cabeças e analisar o significado desta letra.
Vamos lá!

Antes de começarmos a falar sobre a Shekináh, precisamos notar que na segunda estrofe não há sujeito, o mesmo está oculto, onde o compositor invoca o espírito do deus que estiver sendo louvado. Logo, esta música pode ser cantada (louvada) em qualquer ambiente religioso, quer seja uma igreja cristã, uma igreja católica, na umbanda, no espiritismo, no ocultismo, satanismo, etc. Isso porque na letra não há sujeito, logo qualquer entidade pode derramar do seu espírito àquele que pedir cantando este trecho da música.

O poder derramado pelo espírito, supostamente o de Deus, considerando estar em um ambiente cristão, é tão grande que sequer podemos ficar de pé. A letra também deixa vago se este poder deixa a pessoa caída no chão, deitada, sentada, ajoelhada, em fim, apenas diz que não é possível ficar de pé. Se tratando do Espirito de Deus, diante da Sua presença, todos deveriam ficar de joelhos assim como o povo de Israel ficava quando o Senhor se manifestava em forma de nuvem no tabernáculo para falar com Moisés (Êxodo 33:9-11). Entretanto, não há respaldo bíblico para outras alternativas diferentes de ficar de pé, como "cair no Espírito" ou outras manifestações do gênero.
Finalmente vamos tentar desvendar este mistério. O que significa esta palavra, Shekináh?
O primeiro fato a se considerar é que a palavra Shekináh NÃO ESTÁ REGISTRADO NA BÍBLIA! É isso mesmo! Pode consultar na Strong's Concordance, na Concordância de Thomas Gilmer, nos dicionários bíblicos, na Online Bible usando o Texto Massorético, na internet ou em artigos sobre o assunto. Não há dúvidas, todas as fontes de avisados e estudiosos, sem exceção, reconhecem que a palavra não existe em local nenhum do Antigo Testamento em hebraico nem no Novo Testamento.
Ora, se essa palavra não existe na bíblia, qual seu significado?
Segundo o dicionário hebraico de Abraham Hatzamri Shoshana More-Hatzamri, vejamos o significado da palavra Shekináh e suas variantes:
Shekina שכינה = Glória, Espírito de Deus.
A palavra "vizinho", por exemplo, como também "vizinhança", vem deste mesmo radical. Na mística judaica a "Shekinah" é um "avinzinhar" de Deus, de sua glória, sobre nós em um momento especial.
שכן = Vizinho
שכונה = Vizinhanca
שכינה = Espírito de Deus, Glória

Algo no mínimo interessante com relação a esta palavra, é que nos comentários judaicos, ela dá a conotação de um aspecto feminino em Deus. 
De acordo com a explicação do pastor e professor de hebraico Marco Wanderley, formado em português hebraico pela UFRJ e pós graduado pela Universidade hebraica de Jerusalém, a letra ה (h), não faz parte do radical, mas é a marca do feminino, como o "a" em Português. Daí a ideia de que a "Shekináh" é uma "presença feminina" ou um "aspecto feminino" em/e de Deus.


Tal como Ruah elohim que aparece em Gênesis 1.2. Ruah também é feminino, onde ruah = vento, elohim = Deus.


O "feminino" está no sentido do aspecto do cuidado, carinho, afeto, contato físico ou íntimo, características mais femininas na nossas cultura. O pai, geralmente, é mais seco, mais distante, mais racional, menos emocional, mais autoritário. Essa era a visão, também, de Deus, nas sociedades antigas.
Adão, por exemplo, era um ser andrógino com características masculinas e femininas. Só mais tarde Deus separou-o em dois. A maioria dos aspectos masculinos ficaram em Adão e os femininos em Eva. 

Talvez estes pensamentos expliquem o motivo do autor do livro A Cabana ter criado uma personagem feminina para representar a figura de Deus. Quando o protagonista da estória questiona a "Deus" sobre sua figura feminina, a mesma responde que era de uma mãe que ele estaria precisando, não de um pai. Se surgisse um "Deus" na figura masculina, um senhor já velho e barbudo, por exemplo, certamente ele não iria ter a mesma liberdade com teve com um "Deus" em forma feminina.
Veja o que um irmão, sério estudioso do hebraico junto a alguns dos melhores professores dele em todo o mundo, escreveu em um comentário no site http://solascriptura-tt.org:
"Quero dar-te firme certeza de que SHEKINÁ não está na Bíblia. Qual o argumento que usualmente os Carismáticos (que gostam muito desta palavra...) usam para justificar-se? Usam a semelhança de outra raiz - SQN ou SKN - Shin-Qof-Nun - que significa "habitação" e é usada, por exemplo, em relação ao Tabernáculo. Neste caso, pela sã doutrina, no Novo Testamento, o Tabernáculo, HMSKN, a Habitação de Deus não seria referida pela Palavra SHEKINÁ e nem seria uma "energia" ou "presença" mística, mas seria o Ha Mishakan (perceba que a raiz é a mesma SKN) que é Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador, a Revelação de Deus para com os homens - uma revelação objetiva e proposicional, não uma "presença", "força" ou "energia". Os Carismáticos tentam forçar uma conexão entre o SKN e o Espírito de Deus, mas a conexão escatológica correta, de tipo e anti-tipo, é entre a habitação de Deus (no Tabernáculo, no Templo, na nuvem, no maná, etc.) e Cristo Jesus, que é o centro da Palavra de Deus, o significado de Sua revelação, o "fio condutor" de toda a história da redenção, de toda a Escritura."
Mas afinal, se não há registros desta palavra na bíblia, de onde ela surgiu?

Na verdade o vocábulo “SHEKINÁH” se consiste em uma palavra nova que foi criada pelos rabinos e introduzida muito tardiamente no judaísmo com um dos muitos nomes da famigerada demônia do misticismo judaico conhecida como LILITH.
As referências doutrinárias da Bíblia de Estudos Pentecostal também reconhecem que o termo SHEKINÁH é uma das palavras hebraicas que o judaísmo usa para designar a “deusa” mesopotâmica “LILITH-INANA”. 
A palavra Shekináh foi tardiamente criada pelo rabinismo, no âmbito do judaísmo talmúdico cabalístico a partir do vocábulo hebraico que corresponde ao termo "habitação". Esta palavra, por sua vez, devido a sua semelhança com nomes de deusas sumerianas, egípcias e fenícias, bem como através da influência religiosa do farisaismo rabínico, através da "tradição dos anciãos", ou seja, a transmissão oral de conhecimento, o termo Shekináh foi sendo lenta e progressivamente empregado em associação com os verdadeiros atributos divinos do Deus de Israel.

Quando a tradição dos anciãos, com suas milhares de regras, legalismo e magias foram registradas por escrito, estas passaram a ser conhecidas pelo nome de Mishná, e mais tarde, vieram a se tornar conhecidas como Cabala.
(Fonte: http://www.previnasedamarca.com/arquivo.php?recebe=materia/judaismo/05/05.html)
Para entender melhor o conceito e definição da Cabala, veja alguns trechos deste artigo:
A Cabalá (da palavra hebraica Kabalah, que significa "recebendo"ou "aquilo que foi recebido") é a parte mística do judaísmo. Ela é também chamada de Chochmat há-Emet, a sabedoria da verdade. O ponto de partida e a meta da Cabalá são o conhecimento de D'us, "o Princípio e o Fim de todas as coisas".
Segundo a tradição judaica, nossos patriarcas, através de sua intuição espiritual e suas visões proféticas, passaram a conhecer e seguir a Lei de D'us, e a transmitiram oralmente. Só mais tarde D'us incumbiu Moisés de colocar parte desta tradição por escrito - a Torá escrita; a outra parte continuou sendo transmitida oralmente. 
Havia vários pré-requisitos para seu estudo: os ensinamentos só podiam ser repassados individualmente para homens de impecável moral, que seguissem a Lei e que dessem provas de responsabilidade. De preferência, com mais de 40 anos, casados, que conhecessem a fundo o Talmud, a Torá, e a Halachá.
Para penetrar-se realmente na profundidade de seus ensina-mentos é necessário, além de uma vida inteira dedicada ao estudo e às orações, seguir todos os preceitos da Lei Judaica e ter dons intelectuais e espirituais para tanto. Seus textos, além de serem escritos em hebraico antigo ou aramaico, estão codificados o que torna praticamente impossível para os não iniciados entender seu significado. O cuidado era mais no sentido de proteção do que de proibição; nossos sábios temiam que os ensinamentos místicos pudessem ser mal interpretados ou usados de forma inadequada.
(Fonte: http://www.morasha.com.br/misticismo/introducao-a-mistica-judaica.html)
Na Cabala esotérica, Shekinah é a essência do Ain Sophque, emanado, ficou preso ou enroscado em Malkuth, sendo correspondente à Shakti ou Kundalini na tradição esotérica oriental da Yoga. Segundo o livro cabalístico Zohar, a evolução do homem é o processo em que o pólo feminino do Divino (Shekinah), presente potencialmente na criação e no homem (Malkuth), se une ao pólo masculino da Divindade, Kether. Tal reunião é na tradição rosacruz representada pelas Núpcias Alquímicas de Christian Rosenkreutz, e na Bíblia está no livro O Cântico dos Cânticos de Salomão. Segundo a tradição da Cabala, a reunião dos dois pólos da Divindade resulta em uma Consciência Cósmica ou crística, de união do homem e do Divino, resultando no Homem-Deus ou Cristo. Tal estado de consciência é equivalente na Yoga, ao Samadhi, a consciência produto de quando Shakti, o pólo feminino do divino, presente no Chakra da base Muladhara, se une a Shiva, o pólo masculino do divino presente no Chakra Sahasrara, no topo da cabeça, resultando no Avatar, a encarnação humana do Divino, do Cósmico. Na tradição esotérica egípcia, o equivalente é a união entre Ísis e Osíris, resultando em Hórus, o Homem-Deus.
Tal união é, portanto, em todas as tradições esotéricas, a iluminação, a iniciação.
(Fonte: Wikipédia)
Conclusão: Diante dos diversos fatos, significados e conceitos expostos pelas mais diferentes fontes, crenças, religiões culturas, será praticamente impossível chegarmos a uma conclusão, tendo em vista que esta palavra possui diferentes significados e definições que variam de acordo com cada religião. 

Portanto, considerando principalmente, além das diversas variações do termo, o fato da palavra Shekináh não ter registros bíblicos, presumi-se que não seja coerente e prudente louvar a Deus com esta música, uma vez que a principal palavra da letra é de origem incerta e polêmica, onde não há registro bíblico nem comprovação exata do seu real significado e origem. 


Não podemos negligenciar a importância do significado dos nomes, uma vez que o "nome" diz respeito a tudo que é conhecido sobre uma pessoa, e que, portanto o uso do "nome" na bíblia refere-se a total natureza revelada de Deus. Paulo disse que Deus deu ao seu filho o nome que está acima de todo o nome, para que o nome de Jesus se dobre todo joelho (Filipenses 2:10). O nome de Jesus, por exemplo, é tão poderoso que é capaz de expulsar até demônios (Marcos 16:17-18). Em Êxodo 20:7, por exemplo, Deus disse que não tomará por inocente aquele que tomar em vão o nome do Senhor.


Por isso não podemos negligenciar o significado das palavras e dos nomes, principalmente quando o assunto é louvor e adoração, onde estamos nos comunicamos com Deus através da nossa música.
No entanto, cada indivíduo é responsável por aquilo que faz, no que tange ao louvor e adoração a Deus. Se não há condenação própria daquilo que aprova, ou seja, se a pessoa deseja adorar a Deus usando esta palavra com a certeza de seu significado, seja feliz (Romanos 14:22), no entanto, se há dúvidas sobre a origem e significado desta palavra e há desconforto para adorar a Deu usando esta palavra, é melhor não fazer, pois esta dúvida pode levar ao pecado (Romanos 14:23).
RESULTADODerrama NÃO é um louvor bíblico.
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Deus te abençoe.

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